Capítulo Oito: Augusto, imbecil.

Respirei fundo, passei pela sala. Augusto estava ali, sentado me olhando com uma mistura de ódio e vergonha. Não sei porquê, mas ver ele daquele jeito me deixou muito furioso. Eu odiei o jeito dele, o rosto dele, a poltrona imbecil dele, o jornal velho dele, a taça de Chardonnay dele. O jeito que ele se referia a Soko, e como ele me considerava um garoto "estranho". Levantei a cabeça e esperei ele pronunciar as primeiras palavras pra disparar as minhas. Afinal, quem ele achava que era? Meu pai? Longe disso. Era apenas o companheiro da minha mãe. Não tinha o direito de me trocar de quarto, muito menos de querer me passar sermões.

-Sente-se, nós vamos conversar. - Ele disse sério. Revirei os olhos, dei um suspiro abafado e sentei na frente dele.



-Conversar? Você quer conversar? Poxa, que evolução...



-Eu entendo que pra você está sendo difícil se adaptar Oliver. Eu entendo que deixar São Paulo e toda sua vida lá foi doloroso pra você, renunciar aos seus amigos, casa e quarto. Lugares que gostava. Mas eu não tenho culpa disso tudo.



-Aí é que está a questão, Augusto. Você não tem culpa. Aliás, você não nada a ver com tudo isso. Você não tem que se sentir pressionado a tentar nenhum contato comigo. Eu sou estranho demais pra você, não é?

-Ora, mas o que queria que eu disesse? Você mal sai daquele quarto! Não aguento mais essa música que você ouve, você não conversa, não se interessa por nada. Eu tento falar com você e você responde sempre duas ou três palavras!



-É que não é muito animador, conversar com você. Você provavelmente iria querer falar sobre o presidente, ou como a política nacional está sendo revolucionada...



-Não, não, não. Você não pode dizer sobre o que eu quero conversar, antes de conversar! Tá vendo, você não ajuda garoto...



-Eu sei o jeito que você me olha Augusto.



-Ah, sabe senhor "vá se foder"?



-È, sei. Você está incomodado comigo aqui. Porque antes era a minha mãe no hospital, e você aqui sozinho. Sem nenhum maldito adolescente pra te encher não é? Por isso tentei ficar mais na minha possível, pra te deixar com toda a privacidade que você sempre teve antes de eu chegar...e agora vem me dizer que eu não quero ajudar? Ora...



-Ah, toda privacidade possível? Ouvir essas músicas altas, é me deixar com privacidade?



-Eu mal olho na tua cara! A única coisa que eu posso fazer nesse fim de mundo é ouvir minhas músicas e você quer me revogar esse direito??



-Não quero revogar direito nenhum, apenas quero que abaixe o som. E se isso é um fim de mundo, você estaria melhor na Grécia com seu pai.



-É, provavelmente sim. Ele é dez mil vezes melhor pai que você. Só não se esqueça que não foi pra ficar com você que eu vim pra cá. Foi pra ficar com a minha mãe, e é com ela que eu vou ficar.



-Não vou te impedir de nada.



-Coitado do meu irmãozinho que vem por aí viu...



-Coitado da sua mãe, se ele for como você!



-Cale a boca!



-CALE A BOCA VOCÊ!



-CALE A BOCA VOCÊ!!



Me levantei, e fui pro meu quarto. Bati a porta, e fiquei andando de um lado pro outro de tanto ódio. Mas que cara incoveniente, que imbecil! Que imbecil, imbecil, imbecil, imbecil, imbecil! Vontade de voltar lá e tacar vinho na cara dele. Só pra ele ver o que é bom pra tosse! Não vou sair de perto da minha mãe, não vou sair dessa casa! Se meu pai me ligasse e perguntasse "Quer vir passar uns dias aqui comigo, na Grécia?" Eu diria um NÃO! Mas, se ele me perguntasse "Quer vir morar pra sempre aqui comigo, na Grécia?" Eu não pensaria duas vezes antes de fazer as malas. Saudade do meu pai. Meio na dele, meio durão, mas muito brincalhão nos momentos de lazer e muito atencioso! Que porra eu tenho aqui em Dom Basílio? Uma mãe ausente e um padrasto insuportável. Bah! Que lixo...Bem verdade, mamãe queria jogar bilhar comigo! Bilhar! Em Dom Basílio! Com a amiga Judite dela! Aja Bernard e Megan pra me divertir viu!



Bernard e Megan! Nossa, que viagem foi essa tarde na casa deles! Que negócio louco nós três nos divertindo! Eu sentia como se meu lugar fosse aqui em Dom Basílio quando eu pensava no quanto eu gostava desses dois. E de como era a sensação de conhecer eles há anos e anos...E de Megan. Linda, como uma princesa. E extremamente divertida quando ri...um riso encantador. Algo parecido com o riso da Kirsten Dunst no filme Tudo Acontece em Elizabethtown.


Olhei pela janela. Ela estava no quarto dela com Bernard lendo alguma coisa, um pro outro. Não conseguia compreender o que é. Ela lia, então ele prestava atenção e respondia. Então, era a vez dele ler e ela escutar e responder. Parecia um jogo. Mas eles estavam sérios. Davam algum sorriso aqui e ali, mas estavam sérios na maior parte do tempo. Eu podia ficar os restos dos meus dias em Dom Basílio olhando por essa janela. Era minha dependência. Fechei a cortina, e deitei na cama. Olhando pro teto. Não parava de pensar nas ultimas horas. Em Megan. Em Bernard. Em Aldous Huxley e Charlotte Brönt. Em Cyndi Lauper e She Bop. Em Michael Pitt e em Kirtens Dunst. Precisava passar mais horas com esses dois, e menos horas com o Augusto. Com certeza!

8 comentários interessantes:

Tahh 23 de jun. de 2009, 07:34:00  

Mais um capítulo incrível... Ameii !
Esse Augusto é chato de mais, mas acho q Oliver ñ quer abrir um espaço para q eles possam se conhecer, ñ q sejam melhores amigos, mas ter um convívio normal... Vamos ver oq acontece ao decorrer dessa história intrigante. E a menina do Vestido Vermelho (Megan) e o irmão Bernard.. Será q vai rolar um romace com ela e Oliver ?
To curiosaa ! Beijos e Parabéns
http://www.confissoesblogger.blogspot.com/

@Vehfire 25 de jun. de 2009, 03:52:00  
Este comentário foi removido pelo autor.
Vêh 25 de jun. de 2009, 03:53:00  

Nossa! Adoreeei! Você escreve perfeitamente bem, Will... Que pena que os capítulos são curtnhos, senão eu passaria minhas tardes lendo aqui! =D

CLEITON CAC 25 de jun. de 2009, 05:16:00  

E mais um capitulo que me deixa com vontade de querer ler mais rss adoro isso rsss espero que melhore tudo pra vc e a pessoa que vc gosta, Deus esteja sempre contigo um abraço e ate o próximo capitulo rss !!!

Maria Chuteira 25 de jun. de 2009, 08:57:00  

concordo que os capitulos são ótimos mas, curtinhos =(
adorei como sempre! e dessa vez eu senti que o "justus" está tentando se "chegar" mais, quem sabe criar um clima bom, uma boa convivencia. Acho que o Oliver deveria dar um pouco de espaço e ver o que acontece.


Bjooos!!!

Beto Uchôa 25 de jun. de 2009, 11:08:00  

HUAhuaha e ai mano o lance do Cigarro quer dizer que vicia mesmo, e para uqem eh viciado eh bom pois ele nao ve que esta se matando.
Mano esse lance do selo eu nao entendo nada.
Abraço

Marcello Stella 25 de jun. de 2009, 11:15:00  

como sempre um bom capítulo...

ótimo ler seus textos, e fico muito feliz com o reconhecimento...

eu devo colocar um selo no meu blog tbm?

obrigado mais uma vez

Renata 25 de jun. de 2009, 19:27:00  

Eeeeeeeee! Ganhei um selo! xD

E vc continua me supreendendo com essa história. Como vc escreve bem!

Beijos!

Aparecerei mais vezes aqui pra te pertubar!

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Eu que fiz, não gostou? Quebraeu!

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