Capítulo Doze: E dançavamos...

No dia seguinte a noite fomos todos ao Cereja & Capuccino. Eu não tive muitos problemas com a minha mãe para sair de casa, mas os pais de Megan e Bernard jamais os deixariam sair. Então, eles ainda pensavam que os filhos estavam em seus quartos enquanto na verdade estavam comigo numa mesa do barzinho. "Eles nunca ligam pra gente. Não vão ir até nosso quarto" disse Bernard.
Eu e Megan estávamos nervosos. Eu mais ainda. Só agora eu reparava o jeito que Bernard olhava pra mim. Tinha inocência e paixão no olhar. Sim, eu conseguia ver paixão nos olhos dele. Não era difícil pra mim compreender, porque era o mesmo olhar que eu tinha quando olhava pra Megan. Ela também tinha esse olhar.
No fundo nós éramos um triângulo amoroso.
Eu estava ao lado de Megan e de vez em quando eu a beijava. Bernard não deixava transparecer, mas desviava seus olhos tristes de nós. Eu não sabia o que decidir, essa conversa devia começar logo.

-Vamos dançar! - Sugeriu Bernard.

Logo nós três estávamos de acordo e subimos para pista de dança. Megan mal se afastava de mim. Eu percebia que ela tinha mesmo verdadeiro horror aquele lugar, mas se esforça pra se divertir. Já Bernard dançava sozinho muito despreocupadamente. Nem olhava para os lados, como se ele estivesse sozinho na pista. Era divertido. Eu sorri.
Num determinado momento nós três fomos ao extase musical e deliramos juntos quando começou a tocar She Bop da Cyndi Lauper. Aí sim, pra nós, só havia nós três ali! E dançamos os três juntos. Logo Megan, aos poucos, ia percebendo que a pista de dança do Cereja & Capuccino não era tão ruim assim. Não era só "adolescentes se esfregando um no outro a noite toda". Todos estavam ali pelo mesmo motivo que nós. Se divertir! Esquecer os problemas. Nossas escolas de merda. Nossas casas idiotas. Nossos medos e decepções. Era só a música e nossos corpos. Nós três ríamos felizes. Cada passo de dança nos fazia rir. Era como naquela tarde em que eu, Megan e Bernard nos divertimos em seu quarto e tiramos as roupas. Éramos pequenos sonhadores em um mundo de grandes realidades. Realidade como a do Augusto, que sem motivo concreto nenhum me odiava. Como minha mãe que até agora não se dera conta realmente que tinha um filho dentro de casa. Como os pais de Megan que viviam brigando todos os dias e transformavam o lar deles num inferno. Nossos pequenos sonhos eram muito melhor que sim. Aconchegantes.

E dançavamos...

Quando She Bop estava acabando nós três começamos a correr ao longo da pista. E depois pelas escadas. Entre as mesas. Sentimos uma enorme necessidade de correr naquele momento. Devia ser a nossa felicidade nos condicionando a isso. Ou corríamos ou explodiríamos. As pessoas olhavam pra nós, pobres crianças felizes! Algumas riam e outras faziam uma cara de desaprovação. Agente não ligava. A música estava alta e invadia nosso corpo. Corríamos então pela rua, sem música. De vez em quando um de nós caía, então os outros dois voltavam e o ajudavam a levantar, aí continuávamos a correr e a rir como crianças. Assim como em "Os Sonhadores" que juntos haviamos assistido tantas vezes!
Caímos na grama de uma praça, exaustos. Deitamos e observamos as estrelas...Havia muitas estrelas naquela noite. Megan disse séria:

-Vocês sabem identificar constelações?
-Eu não sei mesmo. - Disse Bernard e eu concordei que eu também não sabia.
-Eu estou vendo uma ali - Disse Megan - È muito rara. Muito rara mesmo.
-Desde quando você sabe ver constelações? - Bernard perguntou.
-Desde agora.

Eu quis saber:

-Qual o nome dessa constelação rara que você vê?
-Ela é formada por três estrelas. A estrela Megan. A estrela Bernard. E a estrela Oliver. Essa constelação chama-se "Juntos Para Sempre".

Ficamos em silêncio olhando as estrelas.

Depois nos levantamos e voltamos para o Cereja & Capuccino. Estava claro para qualquer um que nos visse, que nós três éramos especiais juntos. Sentamos em nossa mesa.

-Vou pedir uma dose de Lemoncello. Vocês querem?

Eu e Megan conssentimos e Bernard foi buscar. Olhei pra ela, e ela me olhou. Em silêncio decidimos nem tocar no assunto de que Bernard era apaixonado por mim. Nossa noite estava perfeita, não havia espaço pra isso.

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Capítulo Onze: É complicado.

-É o Bernard. - Disse minha pequena Megan. Estava tão séria e preocupada.
-Bernard? O que tem Bernard?
-É preciso que você saiba uma coisa sobre ele.
-Diga, eu estou aqui. Você pode confiar em mim.
-Você sabe, ele é meu único irmão. Eu o amo tanto!
-Sim. E eu amo ele agora também.
-Lá em casa as coisas são tão difíceis, sabe? Ele quem me conforta.
-Difíceis como?
-Difíceis. É complicado.
-Você confia em mim?
-Minha mãe e meu pai não se amam mais, e brigam o tempo todo. E eles não se importam mais comigo e com o Bernard, sabe?
-Claro que se importam, eles são seus pais.
-Não se importam, Oliver.
-Isso te deixa triste.
-Muito.

Segurei na mão dela, para passar força.

-Eu só tenho Bernard. Se não fosse por ele, eu fugiria daquela casa. Eu odeio cada minuto que eu passo ali sem meu irmão.
-Bernard é um menino de ouro.
-Sim. Ele é tudo que eu tenho, e é por ele que nós não podemos mais ficar juntos.

Isso foi um balde de água fria.

-Como assim, não podemos ficar juntos?
-Eu te amo, Oliver.
-Bernard se opõe ao nosso relacionamento?
-Não, não é isso...ele só sofre. Calado.
-Por que ele sofre? Eu estou feliz, você está feliz. É isso que queremos.
-Bernard não consegue nos ver juntos.
-Ele está com ciúmes de você, é isso?
-Não, Oliver. De você.
-De mim?
-Bernard está apaixonado por você? Você é o Michael Pitt dele.

-... - Fiquei mudo por uns instantes. Por essa eu não esperava.

-Ele jamais admitiria, mas eu sei que ele está sofrendo e eu sou incapaz de seguir em frente com você machucando ele.
-Bernard é gay?
-Sim.
-Por que não me disseram antes?
-Não sentimos necessidade.
-Deviam ter falado.
-Nossos pais não sabem de Bernard. Somente eu...e é tão difícil pra ele.
-Eu posso falar com ele.
-Não sei se deveria.
-Eu devo.
-Ele ficaria pior.
-Eu não aguento mais o olhar triste dele, ao nos ver juntos.
-Conversaremos com ele, juntos.
-Não quero fazer nada que possa feri-lo. Bernard é sensível. Doce. Entre minha felicidade e a dele, eu escolho a dele.
-Ele não seria feliz te vendo triste pelos cantos.
-Eu não ficaria pelos cantos.
-Eu não represento nada pra você?
-Você é tudo pra mim, Ollie.
-E você é o que me faz ficar aqui.
-Mas eu superaria. Sempre fomos somente eu e Bernard até você aparecer.
-Mas eu apareci. E agora nós três estamos juntos.
-É complicado.
-Em casa nada está fácil. Augusto é infantil e me odeia. Minha mãe está sempre ausente. Não posso ficar sem você, anjo.
-O que fazer? Eu estou vivendo numa ilusão.
-Sonho.
-Sonho?
-Sonho.
-Não podemos conversar com ele lá em casa.
-Amanhã é sexta não é?
-Sim.
-Vamos ao Cereja&Capuccino.
-Eu te amo tanto!
-Eu também.

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Capítulo Dez: Um lugar bom pra deitar em cima

O beijo de Megan me mostrou o quão doce ela podia ser. Foi um beijo ingênuo, nós dois transmitimos inocência, mas foi lindo. No final, nos olhamos e sorrimos um para o outro. A partir daí não falamos muita coisa. Bernard não estava mais lá no quarto, provavelmente devia ter saído de mansinho. Estávamos só nos dois. E o nosso amor.

Megan e eu nos olhamos diretamente nos olhos a maior parte do tempo, e essa sensação que passávamos um ao outro era incrível. Nós não desviávamos o olhar, assim era possível sentir nosso coração batendo forte. Sem dizer nada. Puramente amor. Nos abraçamos. Fui pra casa leve outra vez. Agora eu e Megan éramos uma coisa só. Eu sentia que nós nascemos pra ficar juntos e agora nada poderia abalar esse sentimento. Megan era minha menina, e Bernard era meu irmão. Juntos nós três podíamos carregar o mundo nas costas.

Entrei em casa. Como sempre, Augusto e seu jornal estavam lá. Ele me disse "Oi" mas eu não respondi. Dane-se, mas eu não queria mais tentar nenhum contato com esse senhor. Ele insistiu:

-Arrume seu quarto. Tina entrou lá e fez uma bagunça terrível...

Eu consegui sentir a malícia na voz dele e compreendi logo.
Chegando no meu quarto, eu tive certeza. Quase tive um colapso nervoso ao ver todos meus cd's pelo chão, rasgados e arranhados. Minha cama estava bagunçada e meus posteres todos amassados. Voltei a sala imediatamente pra falar com esse maldito clone do Roberto Justus.

-Qual é, meu amigo! Quer mesmo que eu acredite que Tina fez tudo aquilo?
-Não vejo porquê não acreditar.
-Não vejo porquê eu devia acreditar!
-O que você quer dizer com isso?
-Você sabe o que você fez, e quando minha mãe chegar ela saberá disso.

Era bem verdade que eu não poderia ter certeza, nem provar nada contra ele, mas eu ocuparia meu tempo juntando provas. Além do mais, nenhum cachorro faria aquilo. Um Pitbull talvez, mas não Tina. Tina era uma Yorkshire mimada, preguiçosa e toda carinhosa. E esse velho sedentário queria, sem brincadeira, que eu pensasse que ela havia derrubado meus discos pelo chão e rasgado tudo ferozmente. Só podia ser piada. Piada do tipo sem-graça-mas-vai-ter-vingança-com-certeza!

-Oliver, não seja ridículo. Tina entrou no seu quarto. Tina fez tudo aquilo. Não venha me acusar de nada... - Ele disse isso sério. Sério! Eu tive um ataque de ódio.

-Você é podre e nojento! Eu te odeio agora!

-Eu não preciso do seu amor. Não preciso de você! Adolescente mimado, insuportavel e prepotente. Não preciso do seu quarto, nem da sua presença nessa casa!

-Essa é boa...!

-Por que não vai embora, hein?

-Você só pode estar louco! Repita isso mais uma vez, porque acho que não entendi. Por que eu iria embora hein? Pode me infernizar o quanto você quiser, eu não saio dessa casa.

-Que seja. Pelo menos não vai mais ouvir sua estúpida Soko.

Estúpida Soko? Ele disse mesmo 'Estúpida Soko'??

-Estúpido é ficar em casa lendo um jornal velho pra pagar de culto, e escrever uma coluna imbecil em um jornal local que ninguém lê e nem nunca lerá porque qualquer criança de 12 anos escreve melhor que você! E posso ouvir Soko o quanto eu quiser! Não pense nem por um minuto que você pode me dizer o que fazer!

-Você está na minha casa, moleque! Está debaixo do MEU teto, vivendo sob as MINHAS custas! Acho que eu posso te dizer o que fazer sim! ARRU-ME SEU QUAR-TO!

-Minha mãe sustenta todo mundo nessa casa e você sabe disso. Eu, você, o bebê que virá e até Tina Tuner.

-Escute, por que não paramos de brigar hein? Não quero esse clima pesado aqui em casa. Deixe sua mãe e o meu filho com ela fora disso.

-Vai tomar no cú!

Fui pro meu quarto. Comecei a arrumar tudo. É claro que acabei fazendo a vontade dele, mas ficar na bagunça é que eu não poderia. Mais tarde me arrependi. Devia ter deixado tudo como estava para minha mãe avaliar se nossa Yorkshire de 30cm de altura seria capaz de fazer tamanho estrago. Sabia que ela acabaria pensando que eu estaria com ciúmes do novo bebê, e estaria fazendo isso pra chamar atenção. Por isso, deixei esse assunto pra lá. Mas da próxima vez que esse Augusto entrasse no meu quarto e quebrasse meu cd da Soko, ele levaria um soco. Literalmente!


Na manhã seguinte, eu e Megan não fomos à escola. Mas deixamos todos pensar que sim. Nós queríamos um momento só nosso. Em Dom Basílio, havia um Parque Central muito amplo e cheio de árvores. Foi pra lá que fomos. Não era um dia bonito. Não estava sol. Na verdade começava agora uma chuva fininha e fazia um frio danado! Estávamos bastante agasalhados. Andamos o parque todo até encontrarmos um lugar bom pra deitar em cima. Era uma pedra enorme e lisa, bem larga e bonita. Ficava entre as àrvores longe das outras pessoas, e daquelas crianças barulhentas no playground colocando o terror em seus pais e babás. Deitamos.
Megan tirou do bolso uns mini guarda chuvas de chocolate. Coloridos.


-Trouxe pra nós. - Ela sorriu - Eu Bernard adoramos esses guarda-chuvinhas.

Megan, não era formidável? A cada minuto que passava com ela, eu a amava mais. Se é que isso ainda era possível.

-Ounnnnn, Megan. Faz um tempão que eu não como esses guarda-chuvinhas de chocolate...!

-Não seja por isso, coma esse. Azul.

Eles eram embalados com um papel laminado. Era muito difícil de tirar esse papel deles, porque sempre acabava ficando grudado no chocolate. Megan me ensinou como fazia. Você deve desenrolar o papel pela ponta devagar, e quando chegar no final puxar com força. Assim ele sai inteiro e não fica nada grudado no chocolate. Megan era muito boa nisso.
Conversamos muito, a manhã toda. Mas em certo momento, ela se sentou e me olhou nos olhos. Sentia que ela queria me dizer algo. Foi quando ela me disse, o que eu jamais imaginava. Algo que me deixou completamente perturbado.

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Capítulo Dez: {?}

Postarei só na quinta (09/07) , pessoas.
Não é querendo criar suspense, é que pra escrever eu preciso estar concentrado e isso pede alguns minutinhos de dedicação. Já havia me adiantado e escrito uns capítulos. Mas não gostei, e vou reescrever tudo denovo. Espero que vocês me entendam.
Estou sem tempo, mas na quinta é certeza.
Vocês não vão se arrepender, estou tendo idéias ótimas, he he.
Amo vocês!

Bj, Will.

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